Autor: Walter Tierno
Editora: Verus Editora
Páginas: 308
Avaliação:
Dois dramas unidos por uma história de amor e superação.
Atur é um homem rico, egoísta, que sempre teve tudo que o dinheiro poderia lhe proporcionar. Faz parte de uma família desestruturada, é machista e não possuí nenhum respeito pelas mulheres, tratando-as como objeto de seu prazer, de forma descartável. Até que um grave acidente põe um fim a sua vida promíscua, obrigando-o a enxergar o mundo além de seus preconceitos e avaliações.
Já Lúcia, sempre teve que batalhar muito para realizar seus objetivos, ela é fisioterapeuta e vem de família humilde. Portadora de vitiligo desde sua infância, trava diariamente um conflito tanto pessoal quanto profissional para enfrentar o preconceito das pessoas a sua volta. Sua mãe (mamuska), constantemente a estimula a lutar pelo que acredita, não absorvendo a ignorância alheia para dentro de si. Porém há marcas que não foram esquecidas, fazendo Lúcia enfrentar seus medos ocultos todos os dias, agravando a situação após a morte de sua força maior e companheira, sua mãe.
Em narrativa alternada o livro apresenta duas histórias totalmente opostas, porém com uma conexão: o passado. Como cada capítulo é narrado intercalado entre um personagem e outro, mal via a hora de eles se encontrarem. E sabe aquele velho ditado que diz: "Quem bate esquece, mas quem apanha não?" essa é uma excelente frase para representar o enredo de Artur e Lúcia. Durante o colegial Artur humilhou Lúcia por conta de sua doença, hoje, ela é determinada e não se deixa abater quando a tratam mal e quando reencontra Atur ele inicialmente não recorda de "sua colega", mas a jovem nunca o esqueceu, já que sua atitude marcou o começo de uma insegurança que ela tenta esconder.
Atur nunca imaginou que sua vida pudesse mudar radicalmente e quando descobre que perdeu as duas pernas, tornando-se dependente inicialmente da ajuda de outras pessoas, finalmente a ficha começa a cair como costumava ser arrogante e cheio de defeitos. Quando finalmente reconhece Lúcia, a culpa o domina. Além se sentir incapaz em vários sentidos. Como sua fisioterapeuta, Lúcia consegue ser um exemplo de força, luta e coragem e isso atrai Atur. Juntos, a evolução de ambos acontece naturalmente, aprendendo a cada dia a enfrentar um novo desafio. Com toda essa proximidade é previsível durante a leitura que haverá um envolvimento afetivo entre eles, mas o fato não afeta andamento do enredo.
O único fato que me incomodou durante a leitura foi a quantidade de mortes significativas. Em alguns momentos me perguntei se de fato era necessário e como tais personagens poderiam influenciar positivamente no contexto se tivessem continuado na história. Os temas principais apresentados sobre deficiência física/amputados e vitiligo foram suficientes para mostrar o amadurecimento dos personagens, mas fiquei com a sensação que "a morte" foi o terceiro assunto com maior evidência no enrendo.
Aprecio esse tipo de leitura, onde é possível compreender tão intimamente seus personagens principais. Durante a leitura vários questionamentos importantes são discutidos, com posicionamentos realistas. Acredito que este livro consegue fazer o leitor se colocar no lugar de ambos os personagens, sentindo-os, como se alguém próximo lhe relata-se os infortúnios de sua vida. Foi como estar na mente de alguém e ver a realidade pelo seu olhar. Já fazia algum tempo que não lia tão rapidamente um livro e me sentia tão envolvida por um romance. "Como Tatuagem" me prendeu desde o primeiro momento até suas páginas finais.Gostei muito! Evolvida e apaixonada por essa leitura. #Recomendo
Confira o vídeo abaixo:
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