quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Resenha | Príncipe Mecânico - Cassandra Clare - Livro 2



Autor: Cassandra Clare
Editora: Galera
Páginas: 406
Avaliação:
      


No segundo livro da série "As Peças Infernais" Tessa busca compreender sua origem, enquanto os caçadores de sombra precisam descobrir a localização de Axel Mortmain e suas criaturas mecânicas. Charlotte se ver pressionada por Benedict Lightwood que possui grande interesse em assumir sua posição de chefe do Instituto de Londres, porém um grande segredo do passado dele acaba corrompendo seus planos e direcionando os shadowhunters a cada segundo para mais perto dos seus inimigos. 

Diria que o ponto principal desse livro é o fortalecimento das relações. Temos novamente lutas, segredos e traições no caminho de Tessa Gray, porém com uma dose a mais de sentimento envolvido. O triangulo amoroso que dava indícios no primeiro livro da série ganha mais destaque tudo por conta da descoberta de Will em relação a sua maldição e o avanço da doença de Jem que o leva a tomar rápidas atitudes em nome do amor.

Juntos Magnus Bane e Will Henrondale, constroem uma grande amizade, ajudando e libertando um ao outro daquilo que os faz mal. Se por um lado Will livra Magnus de Camille após um beijo entre os dois (Desculpa pelo spoiler, mas é um dos momentos mais engraçados da dupla) por outro Magnus consegue tirar toda a carga que Will carregou por longos cinco anos por acreditar estar amaldiçoado por um demônio. 

"No momento ele está em choque - disse Magnus. - Acreditou em uma coisa durante cinco anos, e agora percebeu que por todo esse tempo vinha encarando o mundo através de um mecanismo defeituosos; que todas as coisas que sacrificou em nome do que achava ser bom e nobre foram um desperdício, e que apenas machucou quem amava. (Magnus falando sobre a maldição de Will) " Pág. 330

Em " Príncipe Mecânico" Tessa também se vê dividida entre Will e Jem. Assim como não é difícil se apaixonar por Jem após este livro, também é impossível não se comover com a história Will. Ao lado de Jem sente-se segura, tranqüila, mas ao lado de Will é um sentimento avassalador, incontrolável. E para piorar no grande clímax desses triangulo amoroso o livro acaba...Poxa Cassandra Clare, você sabe como nos deixar curiosos por mais!

Acredito que este livro tem como foco explicar onde cada personagem se encaixava dentro dos acontecimentos, pois não há um fechamento já que a busca por Mortmain continua. Os únicos fatos que tem encerramento são: 

• A decisão sobre quem será o chefe do Instituto (parte surpreendente)

• O terrível fim de Nathaniel Gray com mais revelações inesperadas. 

Sobre o fim, diria que foi romântico, comemorativo, drástico para Will com uma surpresa familiar nada esperada. Estou bem curiosa para Princesa mecânica! #Recomendo

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Cinebook | Episódio 2x18 – Desperte ou desapareça para sempre (Shadowhunters #Review) #50



Avaliação:      

ATENÇÃO: Este texto contém SPOILER! Caso não tenha assistido o episódio não leia o conteúdo abaixo.

No episódio anterior o inteligente Max descobre que Sebastian é Jonathan Christopher Morgenstern. Sentindo-se ameaçado ele dá um “jeitinho” no garoto, com uma forte pancada na cabeça Max fica desacordado em estado grave. A única forma de salvá-lo é ter seu cérebro reiniciado pelo Irmão do Silêncio Enoch (referência As Peças Infernais) já que Magnus Bane não pode ajudá-lo. Para todos aqueles que leram os livros (incluindo-me) por mais triste que isso possa parecer esperavam a morte de Max. Porém os produtores resolveram seguir outra linha pelo menos por enquanto. Sinceramente eu ficaria um pouco decepcionada se o personagem morresse após uma “simples pancada” e não em uma cena grandiosa (não que essa tem sido ruim, mas tem que ser algo com mais adrenalina e lágrimas dos demais shadowhunters). O impacto da morte de Max é algo muito forte nos livros e merece um episódio dedicado ao personagem. Em todo caso, é bom saber que teremos mais cenas inesperadas de Max antes de seu fim e só o fato de ver toda família Lightwood reunida em cena foi um colírio para os olhos, gosto tanto quando isso acontece. Então, Viva o Max!

Esse episódio poderia ser renomeado para Malec 2.0.

Uma curiosidade de “Desperte ou desapareça para sempre” é que os produtores resolveram escutar os fãs do casal favorito da série #Malec e consertar falhas que já vinham se arrastando desde a primeira temporada. Não poderia se diferente, afinal o sentimento entre esses dois nos livros é algo profundo e muito intenso. Mesmo Harry e Matt sendo excelentes em suas interpretações, ficava um vazio entre eles de um relacionamento que avançava mostrando muitos beijos, mas pouco toque com uma intimidade ilusória (não que eu seja a favor de mostrar cenas de nudez o tempo todo não é isso, não entendam mal, mas já reparou como um simples abraço ou um toque de mãos é uma coisa rara entre eles?). Em outras palavras foi tudo muito rápido sem muito amadurecimento como acontece com Simon e seus pares.

No episódio anterior Alec mentiu para Magnus sobre a Espada Alma criando uma divisão clara entre eles. Magoado, Magnus resolve aceitar a proposta de se unir a Rainha Seelie para proteger o submundo. Porém ele nota que ela quer na verdade iniciar uma rebelião contra os caçadores de sombras. Divido, ela estabelece um prazo a Magnus dando-lhe uma rosa dizendo: “Assim que todas as pétalas escurecem o seu tempo acabou”. E assim começa a sessão flashback de cenas que ficaram nas entrelinhas sem continuações e tiveram muitas reclamações dos fãs.

De volta à primeira temporada, lembram quando Alec dá sua força a Magnus para salvar a vida de Luke? Ele dormiu na casa do feiticeiro, porém o que aconteceu lá era um segredo até este episódio. Basicamente o assunto se resume em como confiança entre seres do submundo com shadowhunters podem ser mal vista aos olhos dos demais seres de cada espécie. Tanto Alec quanto Magnus, dizem que a confiam um no outro de maneira natural, mesmo sem entender o por que. Uma observação importante: Eles ainda não tinham um relacionamento e quando vemos os outros dois flashbacks é perceptível que o foco de exibi-los foi mostrar o amadurecimento do casal.

O segundo e o terceiro são um conjunto da mesma cena na primeira vez de Malec que foi ao ar na primeira parte da segunda temporada. Outro ponto que os leitores reclamaram muito. Nos livros o fato também não ganhou muitos detalhes, mas nossa diva Cassandra Clare escreveu para os fãs a cena belíssima da primeira vez Malec, então porque os produtores ignoraram isso, gente? Então a pedidos, as lembranças de Magnus enfim revelaram este momento cheio de química, amor e vulnerabilidade do feiticeiro. Magnus perde o controle e mostra sua marca de feiticeiro a Alec (seus olhos de gato) e gentilmente o shadowhunter diz que eles são lindos assim como Magnus. Já no dia seguinte a conversa é sobre medo e Magnus revela que esteve fechado por mais de 100 anos até conhecer Alec. Para bons entendedores o feiticeiro sempre teve medo do amor verdadeiro e acredita ao encontrar Alexandre Lightwood sua busca terminou (Foi tão comovente). E para quem disse que Harry e Matt se sentiam incomodados de fazer cenas intimas ficou claro que eles estavam bem à vontade um com o outro em cena.

Como tudo que é bom dura pouco, vários flashbacks dos melhores momentos de #Malec em um só episódio só poderiam significar uma coisa ao sobrar uma última pétala rosada: Término do casal. É triste pessoal (principalmente quando Alec chora), espero que eles voltem o mais breve possível, porém por enquanto vê-los em cena separados fortalece o sentimento dos personagens para a série de TV, além daquele clima que fica entre “ex parceiros” que torna tudo mais especial quando se tem a reconciliação.

Luke de volta em cena.

Algo que tenho reclamando com freqüência é a falta de Luke na série e como ele perdeu foco depois da morte de Jocelyn. Porém neste episódio ele veio com força total. Além de Luke ter indo com Magnus a Corte Seelie, um novo integrante entra para alcatéia de Luke: Bartholomew Veslaquez, conhecido no universo dos Instrumentos Mortais como Bat. Como líder ele vai até o lobo que está criando novos lobisomens e tem uma luta digna de um alfa. Falando de lobos, temos o primeiro indicio que Jordan aparecerá na série. Com o recente ataque de Bat, Maia desabafa com Simon como se transformou, contando que foi seu ex namorado que o fez e como sempre culpou o amor por tudo que lhe aconteceu. Agora que finalmente Simon compreende os motivos de Maia ser alguém tão reservada, eles têm o seu primeiro beijo. Como já disse anteriormente se tem um personagem que tudo acontece no
tempo certo é Simon, então novamente pontos para os produtores.

Agora algo que ainda não entendi é porque essa parceira policial do Luke existe! Ela não tinha perdido a memória? Poxa vida, foi só a memória de Simon produção? Essa personagem está muita chata, espero que ela faça o que tenha que fazer e desapareça na terceira temporada.

Enfim Clary e os demais shadowhunters descobrem que Sebastian é Jonathan Morgenstern!

Só eu que senti o coração apertar quando Jace recebeu a mensagem que “We’ve lost Max”? Que susto foi esse? E a seqüência de total adrenalina que se tem depois foi tão empolgante com Sebastian lutando pegando “o espelho”, Jace correndo até Alec percebendo que foi enganado por Jonathan, Clary mostrando o qual inteligente é ao extrair eletro do chicote de Izzy para descobrir quem é Jonathan. Por favor, continuem com esses finais até 2x20!

Clary pede que Sebastian segure o eletro por alguns segundos para provar que não é Jonathan, ele faz e saí rapidamente. Porém não convencida Clary vai atrás de Sebastian e como sua infalível intuição nunca falha ela descobre a verdade. Até agora essa foi à melhor cena entre Jonathan e Clary. Sebastian mostra toda sua resistência a dor, o sentimento perturbado pela sua irmã e pela missão que precisa seguir por conta do pai. A única coisa que não curti nessa cena foi Clary explodindo aquelas portas de metal, ficou feio isso ai produtores...tava tudo tão perfeito custava ser o Jace ou Alec abrir as portas e Sebastian fugir? Só uma observação.

Seguindo adiante, Clary usa a runa de bloqueio para impedir que o espelho seja usado, porém o mesmo vira pó. Jace estranha o fato de o poder angelical de Clary conseguir destruir um instrumento mortal e após uma conversa de nosso quarteto favorito Jace, Clary, Alec e Izzy sobre como Sebastian os manipulou tão bem, Clary chega à conclusão que o lado Lyn é o Espelho Mortal. Enfim o fim está próximo!

Shadowhunters vai ao ar segunda-feira na Freeform e terça na #Netflix.

Para você que ainda não assistiu este episódio de Shadowhunters, Confira o Trailer abaixo:



Resenha | Arábia – A incrível história de um brasileiro no Oriente Médio – Rafael Coelho e Raiam Santos




Autor: Rafael Coelho e Raiam Santos
Editora: Amazon
Páginas: 188
Avaliação:
     

Viajando para Arábia Saudita com Rafael Coelho.

É exatamente essa a sensação que você tem ao ler este livro, isso por que a leveza que Rafael, conduz à narrativa faz o leitor embarcar em suas aventuras e expectativas ficando fácil esquecer que ele está relatando fatos reais, sua própria biografia.
Rafael divide com o leitor como foi fazer uma difícil decisão ainda muito jovem, que mudaria totalmente a sua vida. Afinal, seria outra cultura, novos hábitos, distância familiar com estudos em outra língua, em um país que infelizmente quando se ouve falar muitos associam a guerra.

Possuindo uma vida estável, cursando a faculdade, apareceu uma grande oportunidade de ir para Arábia Saudita para fazer um estágio em uma universidade que sequer existia e ainda estava em projeto. Você pode pensar: “Mais que loucura é essa?” Pois é, aposto que em algum momento essa frase surgiu para Rafael Coelho, mesmo assim ele preferiu arriscar!

Teve algum arrependimento? O autor garante que não! Temos uma história real, então claro que houve momentos de dificuldade que ele pensou em voltar para o Brasil e que até que não se formaria, porém segundo ele o projeto da University of Science and Tecnology ou KAUST, foi uma experiência única e se pudesse repetiria tudo outra vez.

No livro Rafael diz:
“Muito mais que meu lindo diploma de mestre em engenharia elétrica, o que mais ganhei
nisso tudo foi a bagagem cultural que vou carregar para sempre!

O ponto mais positivo desse livro sem dúvida é as descrições culturais apresentada sobre o país. Com grande riqueza de detalhes expostas pelo autor. Quebrando preconceitos, possibilitando que seus leitores tenham uma visão mais adequada sobre vários países do Oriente Médio. Mostrando como é importante não só almejar uma conquista como também planejar e neste caso pesquisar para saber se é viável seguir adiante. Estar preparado para o desafio, muitas vezes é o que nos torna capazes e Rafael é um exemplo disso.

Para aqueles que ficaram curiosos, eu super recomendo este livro! Eu particularmente gosto muito de livros que falem de culturas diferentes, que tem essa maneira natural de interagir com o leitor e torná-lo parte da experiência, com base histórica e fatos que agregam ao conhecimento. Arábia, possui todos esses quesitos, sendo super dinâmico, uma leitura leve e rápida. O autor não tem como intenção incentivar as pessoas a abandonarem suas vidas e seguir a primeira oportunidade que surgir, mas sim mostrar que às vezes seguir sua intuição, apostar em algo novo, mesmo que a principio pareça impossível pode trazer resultados que você queria e não conseguia alcançá-los por não ter coragem de arriscar.

Tenho certeza que após este livro você verá a Arábia Saudita com outros olhos. #Recomendo.

Citações do livro "Príncipe Mecânico" (47)



" Quero que saibas que tu foste o último sonho da minha alma...Desde que te conheci, tenho sido atormentado por um remorso que pensei que nunca me censuraria novamente e ouvi sussurros de velhas vozes impelindo-me para cima, as quais achei que estivessem silenciadas para sempre. Tive ideais imaturas de me empenhar novamente, começar de novo, me livrar da preguiça e da sensualidade, e lutar a luta abandonada. Um sonho, tudo um sonho, que vai dar em nada..."
 - Charles Dickens, '' Um conto de duas cidades'' - Pág. 7

" Tessa arrancou a mente daquelas lembranças. Lembranças não faziam bem a ninguém, não quando se conhecia a verdade do presente. Will era lindo, mas não era dela; não era de ninguém. Havia algo quebrado nele, e por aquela rachadura escorria uma crueldade cega, uma necessidade de machucar e se afastar." - Pág. 16

" Ser Jem, ponderou Tessa, deve ser bem parecido com ser o dono de um cachorro com pedigree que gosta de morder visitas. Era preciso estar constantemente com a mão na coleira." (Tessa referindo a ligação parabatai de Will e Jem) - Pág. 28

" Então compartilhai a vossa dor, permiti esta triste libertação.
Ah, fazei mais do que compartilhá-la! Dê-me toda a vossa aflição.
- Alexander Pope, "Eloisa to Abelard" - Pág. 31

" As mãos de Tessa tremiam ao prender uma mecha de cabelo atrás da orelha. Detestava que Will causasse esse efeito nela. Detestava. Sabia da verdade. Sabia o que ele pensava a seu respeito. Que ela não era nada, não valia nada. E mesmo assim, um simples olhar dele a fazia tremer numa mistura de ódio e desejo. Era como um veneno na corrente sanguínea, para qual o único antídoto era Jem. Só com ele sentia que pisava em terreno sólido." - Pág. 36


" - Já vivi com essa maldição durante cinco anos. A ideia de viver com ela por mais um ano que seja me assusta mais do que a ideia de morrer.
- Você é um Caçador de Sombras, não tem medo da morte.
- Claro que tenho - disse Will. - Todo mundo tem medo da morte. Podemos descender de anjos, mas não temos mais conhecimento sobre o que vem depois da morte do que você.
  Magnus se aproximou dele e sentou-se no lado oposto do divã. Seus olhos verde-dourados brilhavam como os de um gato à meia-luz.
- Você não tem certeza de que depois da morte só há esquecimento.
- E você não tem certeza de que não há, tem? Jem acredita que todos renascemos, que a vida é uma roda. Morremos, giramos, renascemos como merecemos, tudo isso baseado em nossas ações neste mundo - Will olhou para as próprias unhas roídas. - Eu provavelmente voltarei como uma lesma para alguém jogar sal." - Pág. 40


" Ah! Na juventude uma amizade vivenciaram,
Mas línguas sussurrantes a verdade envenenaram
Mora a lealdade num reino superior;
A vida tem espinhos, a juventude não perdura
E nos indignarmos por quem temos amor
É para a mente a mesma coisa que o efeito da loucura.
- Samuel Taylor Coleridge, ''Christabel''. - Pág. 47


" Ela o encarou, desejando poder pedir que ele voltasse a chamá-la de srta. Gray. O jeito simples com que dizia seu nome lhe desmontava, afrouxava algo, feito um nó, que lhe apertava as costelas, deixando-a sem fôlego. Queria que ele não utilizasse seu nome de batismo, mas sabia o quão ridículo soaria se pedisse algo assim. Certamente estragaria todo o trabalho de fingir ser indiferente a ele." - Pág. 60


" Para Tessa Gray, por ocasião de receber
uma cópia de Vathek para leitura:

Califa Vathek e sua sombria horda
São destinados ao Inferno, não vai se entendiar!
Sua fé em mim há de se restaurar -
À não ser que esta lembrança não queira aceitar
E meu pobre presente resolva ignorar.
- Will" - Pág. 72


" - Depois que concluímos nosso treinamento, aos 18 anos - relatou Jem, como se Will não tivesse se pronunciado -, somos incentivados a viajar,conhecer outros Institutos, experimentar a cultura dos Caçadores de Sombras em lugares diferentes. Sempre há novas técnicas, truques locais a serem aprendidos." - Pág. 78

" - O costume manda darmos à garota nosso anel de família no noivado, mas a cerimônia de casamento na verdade envolve troca de símbolo, e não de alianças. Uma no braço, e outra no coração." - Pág. 79

" Olhou fixamente para o teto por um longo tempo, lutando em vão contra as perguntas que preenchiam sua mente - o que Will pretendia, aparecendo no quarto dela desse jeito? Por que demonstrou tanta doçura quando ela sabia que ele a desprezava? E por que, mesmo sabendo que ele era a pior coisa do mundo para ela, mandá-lo embora pareceu um erro terrível?" - Pág. 99

" O coração humano esconde tesouros
Em segredo guardados, em silêncio selados;
Os pensamentos, as esperanças, os sonhos, os prazeres,
Seus encantos quebrariam se revelados.
- Charlotte Bronte, " Evening Solace" - Pág. 104

" - Esta maldição por acaso é algo que envolva eliminar sua capacidade de amar? Porque não faz o menor sentido, é bobagem. Jem é seu parabatai. Já vi você com ele. Você o ama, não ama?
- Jem é meu grande pecado - disse Will. - Não fale comigo sobre Jem." - Pág. 118


" Ella estava engatinhando pelo tapete, tentando alcançar a lâmina serafim." Eu o amaldiçoo", disse a criatura. " Todos que amarem você morrerão. O amor deles será a própria destruição. Pode ser que leve instantes, pode ser que leve anos, mas qualquer um que olhá-lo com amor vai morrer por isso, a não ser que você se afaste deles para sempre. E vou começar por ela." Ele rosnou na direção de Ella, e desapareceu." ( Will relatando a Magnus sua maldição) - Pág. 119


" - E Jem... - disse Magnus, temendo a resposta, sabendo qual era.
- Jem está morrendo independentemente disso - respondeu Will, com a voz embargada. - Jem foi o que me permiti. Digo a mim mesmo que se ele morrer não foi culpa minha. Ele já está morrendo de qualquer jeito, e sofrendo. Pelo menos a morte de Ella foi rápida. Talvez através de mim ele possa receber uma boa morte. - Levantou os olhos, arrasado, encontrando o olhar acusatório de Magnus. - Ninguém pode viver sem nada - sussurrou. - Jem é tudo que tenho." - Pág. 121


" - Depois que os pais de Will vieram até aqui para vê-lo, quando ele tinha 12 anos, e ele os mandou embora...eu implorei para que Will conversasse com eles, só por um instante, mas ele não quis. Tentei fazê-lo entender que, se eles saíssem, talvez nunca mais os visse, e que eu jamais poderia dar notícias deles. Ele pegou minha mão e disse: " Por favor, apenas prometa que vai me contar se eles morrerem, Charlotte. Prometa." - Pág. 123


" Ele lembra alguém; a memória se agitou no fundo da mente de Magnus, recusando-se a se tornar clara. Após tantos anos, às vezes era difícil alcançar lembranças específicas, mesmo daquelesque havia amado um dia. Ele não se recordava mais do rosto da mãe, apesar de saber que ela parecia com ele, uma mistura do avô holandês e da avó indonésia." - Pág. 126

" Aprendi boas lições sobre como ser odioso ao longo desses anos. Mas me sinto me perdendo... - procurou palavras. - Sinto-me diminuído, partes de mim sumindo na escuridão, a parte boa, honesta e verdadeira; se você as mantém longe por tempo o bastante, será que as perde de vez? Se ninguém se importa com você, será que você sequer existe? " - Pág. 127

" Ele fechou os olhos.
- Estou cansando, Tess - declarou. - Só queria ter bons sonhos, pelo menos uma vez na vida.
- Não é assim que se consegue, Will - respondeu Tessa, suavemente. - Não se pode comprar, alucinar ou sonhar um caminho para fugir da dor." - Pág. 161

" Tinha presumido que sua bondade era tão natural e inerente que jamais se perguntou se aquilo lhe custava algum esforço. Esforço para se colocar entre Will e o mundo, protegendo um do outro. Esforço para aceitar a perda da própria família com tranquilidade. Esforço para se manter alegre e calmo diante da própria morte." - Pág. 162


" - A voz era firme, porém, irregular. - Acha que porque estou doente não sou igual a... - Respirou asperamente. - Pensa que eu não sei - disse -, que quando você pega minha mão é só para sentir meu pulso? Pensa que não sei que quando me olha nos olhos é só para saber quanta droga tomei? Se eu fosse outro homem, um homem normal, poderia ter esperanças, até mesmo expectativas; poderia...- Suas palavras pareceram travar, ou porque percebeu que tinha falado demais, ou por ter perdido o fôlego; estava engasgando, com as bochechas vermelhas. " ( Jem para Tessa) - Pág. 164


"- Tessa - disse ele. Ela o encarou. Não havia nada de firme ou confiável na expressão do garoto. Os olhos estavam escuros, as bochechas enrubescidas. quando ela levantou o rosto, ele abaixou o dele, a boca inclinando-se para a dela, e mesmo enquanto ela congelava, surpresa, estavam se beijando. Jem. Ela estava beijando Jem. Ao passo que os beijos de Will eram puro fogo, os de Jem eram como ar fresco após um longo tempo de clausura num lugar escuro e sem ventilação." - (beijo de Tessa e Jem) Pág. 165

" Estava ocupada demais se maravilhando com o resto dele. Era tão magro, não tinha músculos de Will, mas havia algo de adorável em sua fragilidade, como os versos de um poema. Ouro batido ao máximo. Apesar de haver uma camada de músculos cobrindo o peito, ela pôde ver as sombras entre as costelas de Jem." - Pág. 167

“Ao fechar os olhos, viu o rosto de Jem, depois o de Will, este com a mão na boca ensangüentada. Pensamentos envolvendo ambos se misturaram até ela finalmente dormir, incerta se no sonho beijava um ou outro.” – Pág. 169

“ A virtude dos anjos é que eles não podem deteriorar;
o defeito é não poderem melhorar. O defeito do homem
é que ele pode deteriorar; e sua virtude é poder melhorar.
- Ditado chassídico” – Pág. 172

“Ela o observou afastar-se, dizendo a si mesma que não significava nada, que não estava pior do que o habitual, que ainda tinha tempo. Amava Jem, como amava Will – como não podia deixar de amar a todos eles -, e pensar em perdê-lo estilhaçava seu coração. Não somente pela própria perda, mas pela de Will. Se Jem morresse, Charlotte não conseguia deixar de temer que ele levaria consigo tudo que ainda havia de humano em Will.” – Pág. 197


“ – Talvez seja melhor que se irrite comigo – disse Will. – Tanta paciência e beatitude não
podem fazer bem a ninguém.
- Não fique de gozação com ele. – O tom de Tessa era severo.
- Nada está tão além que não possa ser motivo de piada, Tess.
- Jem está. Ele sempre foi bom para você. Não é nada além de bondade. O fato de ele ter te
agredido ontem à noite só prova o quanto você é capaz de enlouquecer até os santos.” (Tessa para Will) – Pág. 181

“ Às vezes se perguntava se estava fazendo essas coisas apenas para se testar. Para ver se os sentimentos haviam desaparecido. Mas não. Quando a via, queria ficar com ela; quando estava com ela, morria de vontade de tocá-la; quando encostava em sua mão, desejava abraçá-la. Queria sentir o corpo dela contra o seu como sentirá no sótão. Queria conhecer o gosto da pele e o cheiro do cabelo de Tessa. Queria fazê-la rir. Queria sentar e ouvi-la falar sobre livros até suas orelhas caírem. Mas todas essas eram coisas que ele não podia querer, pois eram coisas que não podia ter, e querer o que não se pode ter leva à tristeza e à loucura.” – (Will) - Pág. 198

“ – Achei que precisasse de mim – respondeu Jem. – Você construiu um muro ao seu redor,
Will, e eu nunca perguntei por quê. Mas ninguém deve carregar todos os fardos sozinho. Achei que você me deixaria entrar se eu me tornasse seu parabatai, e aí pelo menos teria em quem se apoiar. Pensei sobre o que minha morte podia fazer com você. Costumava temer por isso, por você. Temia que você fosse ficar sozinho atrás dessa parede que construiu. Mas agora...alguma coisa mudou. Não sei por quê. Mas sei que é verdade.
- O que é verdade? – Os dedos de Will continuavam enterrados no pulso de Jem.
- Que a parede está ruindo.” (Jem para Will) – Pág. 202


“ – Desejei isso – disse ele -, em todos os momentos de todas as horas de todos os dias em que estive com você, desde quando a conheci. Mas você sabe disso. Deve saber disso. Não é? Tessa olhou para ele, com os lábios abertos de espanto.
- Disso o quê? – perguntou, e Will, com um suspiro de alguma coisa que parecia derrota, beijou-a.” – Pág. 234


“ Confie em mim, vivi muito e sei – seu olhar era solidário. – E você vai descobrir que sentimentos também desbotam, quanto mais se vive. O feiticeiro mais velho que conheci
estava vivo há quase mil anos e me contou que sequer se lembrava como era amar, ou odiar. Perguntei por que não acabou com a própria vida, e ele disse que ainda sentia uma coisas, medo: medo do que viria depois da morte.” A terra desconhecida da qual nenhum viajante retorna” - ( Magnus para Tessa) – Pág. 240

“Tome minha parte de um coração inconstante,
A minha de um amor miserável:
Pegue ou largue, como quiser,
Eu lavo minhas mãos daqui em diante”.
- Christina Rosetti, “ Maude Clare” – Pág. 242


“ Estou cansado do chorar e do rir
E de homens que riem e choram
Do que pode vir a seguir
Para homens que para colher semeiam:
Cansei dos dias e horas,
Das plantas secas e da flora,
Desejos e sonhos e poderes
E de tudo que não seja o sono.” – Pág. 244


“- Eu amo – respondeu Camille, indignada. – Você e eu, Magnus, que duramos para sempre, amamos de um jeito que nenhum mortal consegue conceber: uma chama escura e constante contra a luz efêmera e crepitante deles. Que importância eles têm para você? A fidelidade é um conceito humano, baseado na idéia de que estamos aqui por um período curto. Não pode exigir minha fidelidade por toda a eternidade.
- Que tolice a minha. Pensei que pudesse. Achei que pudesse no mínimo contar com que você não fosse mentir para mim.” – Pág. 255


“ – Eu sou corajoso – disse Will. Parecia feliz consigo mesmo . Os tônicos analgésicos haviam dilatado suas pupilas, e ele estava com os olhos bem escuros.
- Sim, você é – disse Magnus, e o beijou. Não foi um beijo dramático, mas Will sacudiu o braço para libertá-lo, como se uma abelha tivesse pousado nele; Magnus teve que torcer para que Camille presumisse que aquilo era um gesto de paixão. Quando se separaram, Will pareceu espantado. E Camille também, aliás.” – Pág. 256


“ – Cada vez que você fala a palavra “ amizade “ é como uma facada em mim – declarou. – Ser amigo é uma coisa linda, Tessa, e não desdenho disso, mas há muito tempo venho torcendo  para sermos mais do que amigos. E então pensei que depois daquela noite, talvez minhas esperanças não tivessem sido vãs. Mas agora...
- Agora estraguei tudo – sussurrou. – Sinto muito. ” ( Jem para Tessa) – Pág. 274 – 275


“ – Sei que meninas mundanas aprendem que têm a responsabilidade de não tentar os homens. Que os homens são fracos e as mulheres devem contê-los. Garanto a você, a moral dos Caçadores de Sombras é diferente. Mais igualitária. Foi escolha nossa fazer...o que fizemos.” ( Jem para Tessa) – Pág. 275


“ Um instante mais tarde – Tessa não sabia como tinha acontecido -, ele a estava beijando, os lábios macios nos dela, a mão se erguendo para segurar o queixo e a bochecha dela, mantendo seu rosto firme. Tessa ouviu um barulho suave e percebeu que era o som das flores de seda do chapéu sendo esmagadas contra a lateral da carruagem enquanto o corpo de Jem pressionava o dela. Ela segurou as lapelas do casaco dele, tanto para conserve-lo perto quanto para não cair.” – Pág. 276

“ Há algo de horrível em uma flor;
Esta, quebrada em minha mão, é uma delas
Ele jogou-a para mim; não viverá nem mais uma hora;
Há milhares mais; não se sente a falta de uma rosa.
- Charlotte Mew, ‘ In Nunhead Cemetery” – Pág. 283


“ – Ótimo – Sophie soltou o ar. – Ele merece isso. Ser feliz. Mestre Will sempre foi a estrela que mais brilha, a que chama atenção, mas Jem tem uma chama firme, segura e honesta. E ele poderia fazê-la feliz. “ (Sophie para Tessa) – Pág. 286


“ O Instituto é responsabilidade de todos os Caçadores de Sombras, afinal. É onde moramos, é nossa Idris quando estamos longe de casa.” – Pág. 292

“ Vendo que a mão do Tempo desfigura
A tão rica altivez dos dias idos
Que jaz caída a torre das alturas
Da mortal ira é escravo o bronze destruído.
- Shakespeare, “ Soneto 64” – Pág. 299


“ Venha a mim nos meus sonhos, e em seguida
Amanhecendo estarei bem.
Pois então à noite serei mais que compensado
Pelo dia em desejo desesperançado.
- Matthew Arnold, “Longing” – Pág. 313


“ Segredos e mentiras, Tessa, são como um câncer na alma. Corroem o que é bom e deixam
apenas destruição.” – Pág. 316

“ - No momento ele está em choque – disse Magnus. – Acreditou em uma coisa durante cinco anos, e agora percebeu que por todo esse tempo vinha encarando o mundo através de um mecanismo defeituosos; que todas as coisas que sacrificou em nome do que achava ser bom e nobre foram um desperdício, e que apenas machucou quem amava. “ ( Magnus falando de Will) – Pág. 330

“ Quando duas pessoas são uma só em seus corações, destroem a força até mesmo do ferro ou do bronze.” – ( Jem para Tessa) - Pág. 342


“ – Não posso explicar o amor – disse ele. – Não sei dizer se a amei desde o primeiro instante em que a vi ou se foi no segundo, no terceiro ou no quarto. Mas me lembro da primeira vez que a vi caminhando em minha direção e percebi que de algum jeito o resto do mundo parecia desaparecer quando estou ao seu lado. Quando percebi que você era o centro de tudo que eu fazia, sentia e pensava.” (Jem para Tessa) – Pág. 342

“ – Você fala em sacrifício, mas não é meu sacrifício que ofereço. É o seu que peço –prosseguiu. – Posso oferecer-lhe minha vida, mas é uma vida curta; posso oferecer meu coração, apesar de não saber quantas batidas lhe restam. Mas a amo o bastante para torcer que não se importe com meu egoísmo de tentar fazer o resto da minha vida, seja qual for a sua duração, feliz, ao seu lado. Quero ser casado com você, Tessa. Quero mais do que já quis qualquer coisa na vida. – Ele olhou para ela através de um véu prateado de cabelo caindo sobre seus olhos . – Isto é – falou, timidamente -, se você também me amar.” ( Jem para Tessa) – Pág. 343


“ Sabia que não era a atitude correta; Jem era dela, e ela era dele agora, e outros homens não deveriam existir. Mas não conseguia deixar de comparar os dois – Jem , com sua estranha combinação de delicadeza e força; e Will, como uma tempestade no mar azul e negro, com lampejos brilhantes de temperamento, feito raios de calor. Ficou imaginando se chegaria o dia em que a visão dele não mexeria com ela e faria seu coração palpitar, se a sensação cessaria conforme fosse se acostumando à idéia de estar noiva de Jem. Ainda era um fato novo demais para parecer real.” – Pág. 359


“ Foram os livros que me impediram de me matar depois que achei que não pudesse amar
ninguém, nem ser amado por ninguém. Foram os livros que fizeram com que eu sentisse que
não estava completamente sozinho. Eles podiam ser sinceros comigo e eu com eles.” – pág.
372

“ Como poderia demonstrar seu amor por ela na frente de Jem, sabendo que a própria felicidade tinha custado a dor do melhor amigo? Mesmo que Will dissesse a si mesmo que poderia dar um jeito, para ele, ela sempre seria a menina que Jem amou, até Jem morrer. Até ela morrer. Ele não trairia Jem nem depois da morte. Se fosse qualquer outra pessoa, qualquer outra pessoa no mundo – mas ela não amava mais ninguém no mundo. Esses eram os meninos que amava. Na alegria. E na tristeza.” – Pág. 375

“ Por um instante, não sentiu absolutamente nada. E então, como que de longe, se ouviu gritando, e foi como se uma chave tivesse girado em seu coração, libertando as lágrimas, afinal. O atiçador caiu no chão.
Quando Sophie entrou apressada, após ter ouvido o berro, encontrou Tessa ajoelhada perto do fogo, com a mão queimada pressionada contra o peito, soluçando como se seu coração fosse quebrar.” – Pág. 377

“ Entende, não entende, James? Sem Tessa não existe nada para mim – não existe alegria, não existe luz, não existe vida. Se você me amasse, me deixaria ficar com ela. Não pode amá-la tanto quanto eu. Ninguém pode. Se realmente é meu irmão, faria isso por mim.” (pensamento de Will) – Pág. 381


“ A imortalidade era um presente, mas tinha conseqüências. Pois se sou imortal, pensou, então só tenho esta, esta única vida. Não vou girar e mudar como você, James. Não o encontrarei no Paraíso, nem nas margens do grande rio, nem em qualquer outra vida além
desta. ( Pensando de Tessa sobre as palavras de Magnus) – Pág. 393


Resenha | Castelo Animado • Diana Wynner Jones – Livro 1

  Autor:  Diana Wynner Jones  Editora:  Galera Páginas:  368 Avaliação:         Sophie é uma jovem que trabalha na chapelaria de sua família...