sexta-feira, 5 de junho de 2020

Séries de TV | O que esperar de Control Z?



Control Z é uma série mexicana, original da Netflix e produzida pela Lemon Studios, que estreou sua primeira temporada dia 22 de maio de 2020, contendo 8 episódios de 35 a 40 minutos. A trama é ambientada no colégio Nacional, aonde um hacker vaza segredos comprometedores dos alunos, iniciando o caos. A protagonista Sofia (Ana Valeria Becerril), uma garota observadora e antissocial, decide que descobrirá quem é o hacker, junto com Raul e Javier (Michael Ronda), o novato da escola. 



Eu fiquei intrigada quando vi o título dessa série, porque "control z" é um comando conhecido de computador para se desfazer algo. Logo deduzi que a série falaria sobre situações, onde as pessoas envolvidas gostariam de concertar seus erros e nunca o terem cometido. A drama segue essa linha de raciocínio, mas a medida que segredos são revelados, assuntos complexos vão sendo discutidos. 


1° Temporada



Minha nota para essa série é 8,0. Eu gostei dessa 1° temporada, mas acredito que ela poderia ser melhor em alguns pontos. Control Z é uma série que consegue prender a nossa atenção por ser direta desde o primeiro episódio, mantendo o clima envolvente de suspense. A série tem potencial, mas deixa algumas pontas soltas no enredo que podem ter maior desenvolvimento na segunda temporada, já confirmada pela Netflix.


Control Z é uma série adolescente pesada, que tem diversas cenas de violência, gerando agônia em alguns momentos, como as cenas de bullying com o Luis que são as piores. Ela também aborda vários assuntos como: transexualidade, homosexualidade, automutilação, homofobia, trauma, suspeita de assassinato, bullying, depressão, traição, tráfego de drogas, gravidez na adolescência, comportamentos agressivos, corrupção e crime digital. Por ter todos esses temas, o enredo envolve, e faz com que você queira saber o que vem a seguir e qual o segredo do próximo personagem. Mas com a mesma velocidade que um assunto é levantado, outro já é colocado no seu lugar. Isso ajuda o andamento da série, tornando-a viciante, mas fica parecendo que alguns personagens estão perdidos, sem saber muito bem como agir diante dos fatos, e o maior exemplo disso é o diretor Miguel Quintanilla. 
O diretor não consegue dialogar sobre alguns assuntos com os adolescentes, em outros momentos ele fica submisso a situação, isso foi algo que me incomodou quando eu tava assistindo porque faltou a segurança e o olhar maduro de alguém, para orientar esses adolescentes diante de tudo que está acontecendo.

Por outro lado a série retrata muito bem os perigos digitais e essa dependência ruim de todos ficarem conectados por muito tempo, dando mais atenção para a tela do celular, do que para a vida real, nos fazendo refletir sobre os perigos de compartilharmos nossa privacidade e boa parte de nossas vidas nesse pequeno objeto.  

Atenção o conteúdo abaixo contém spoilers.

Até o episódio 4 os segredos vão sendo revelados, mas é do episódio 5, que descobrimos que o hacker só pode ser o Raul ou o Javier. Sofia, Raul e Javier seguem as pistas que eles conseguiram após o sequestro da Sofia e chegam a casa do Bruno ( o responsável pelo TI da escola). Eles descobrem que Bruno é cúmplice do hacker e se você é um bom observador como a protagonista, certamente percebeu que durante a cena, a Sofia fala que o Bruno não poderia ser o hacker porque ele é mais alto. Depois disso o Bruno acaba fugindo e a série tenta enganar o telespectador sugerindo que o hacker é Javier. Mas considerando que Javier é quase do mesmo tamanho do Bruno, só pode ser o Raul. Isso foi algo que eu gostei bastante, porque além desse triângulo amoroso que está acontecendo com esses três personagens tão diferentes, a série brinca com a nossa atenção, nos fazendo questionar as nossas certezas. 


 Nos próximos dois episódios, a série trabalha muito bem na construção desses três personagens complexos e cheios de camadas, mostrando que nem tudo é o que parece. Mesmo com todo seu jeito amável, atencioso, sempre cercando a Sofia de maneira afetuosa, Javier tem um grande segredo. No passado ele participou de um trote na antiga escola que acabou com a morte de um de seus colegas. Não fica claro se ele é culpado ou inocente, mas ele carrega esse trauma dentro de si. 
  Já o Raul, é o jovem garoto rico que notou que a maior parte das pessoas se aproximavam dele só por causa dinheiro e ele decide se vingar. Após a confirmação que ele é o hacker, há cenas que mostram como ele ficou obcecado pela Sofia, por acreditar que ela é semelhante a ele no sentido de conseguir deduzir o segredo das pessoas e desejar a sinceridade delas. Mas o Raul conduz esse sentimento para o lado negativo, não se importando com as consequências para ter a Sofia do seu lado. Por ele ser um personagem que mostra não ter remorso pelos seus atos, é um forte indicativo que ele possa ser tornar um psicopata.  
  Vale lembrar que durante os flashblacks do Raul, descobrimos o segredo de Sofia. Todos acham que o pai dela morreu em um grande acidente, mas o homem misterioso que ela encontrava é seu pai, que está vivo. Ele chega a mencionar que se descobrirem isso ele pode ser preso, dando um indicativo que talvez ele tenha cometido o pseudocídio, que é o crime aonde a pessoa deixa provas e induz a todos acreditarem em sua própria morte.   

  Como não poderia ser diferente após dormir com Raul, Sofia descobre que ele é o hacker e na Nona (a festa estudantil) ela e o Javier gravam Raul confessando e divulgam o vídeo a todos. Raul por sua vez, solta um vídeo comprometedor e o caos de estabelece. 
A cena final foi algo surpreendente para mim, porque tudo indicava que aconteceria alguma coisa com o Raul após a revelação, já que o Gerry que é um personagem homofóbico, violento, transtornado, que joga a culpa dos seus atos nos outros e que parece não ter aprendido a lição mesmo depois do que ele fez com Luis, Gerry pega uma arma, vai a NONA, querendo matar o Raul. Então quando o Javier impedi o Gerry, sendo baleado, terminando ferido com a Sofia gritando por socorro, foi uma cena forte, que consegue fechar essa primeira temporada de uma forma intensa.

Control Z é uma série que alcança o seu propósito, e seus momentos finais mostram como cada ação tem sempre sua reação e que às vezes não é possível voltar atrás para concertar um erro. Todos tem seus segredos, mas como cada um lida com as consequências é o que faz a série ser intrigante. Eu espero que as lacunas que ficaram abertas possam ser respondidas na segunda temporada e que Control Z utilize os assuntos mencionados para criar cenas mais profundas e marcantes como a série tem potencial para fazer.       
  



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